segunda-feira, maio 14, 2007

Entrevista com o maestro Joe Guercio,


Trechos da entrevista do maestro Joe Guercio

Joe Guercio já era um veterano no negócio da música quando aceitou o papel de Diretor Musical de Elvis no verão de 1970. Nascido em Buffalo, New York, em julho de 1928, ele acompanhou Patti Page por vários anos e também trabalhou com Steve Lawrence & Eydie Gorme, Barbra Streisand, Diana Ross e Gladys Knight. Ele juntou-se a Elvis para sua terceira temporada em Lãs Vegas em agosto de 1970, e permaneceu com ele até sua morte, sete anos mais tarde.
Graças a moderna tecnologia, Joe está trabalhando agora com o Rei novamente, conduzindo a orquestra nas apresentações do espetáculo “Elvis – The Concert”. O rei cantando numa tela de vídeo gigante, acompanhado pelos principais membros de sua banda de excursões dos anos 70. Essa entrevista foi dada numa dessas viagens do show pela Europa em março de 2000. Joe falou de suas lembranças com Elvis e o sucesso do show virtual.
Como é sentir-se no palco agora com Elvis num telão, quando uma vez você o fez com ele em pessoa?
É tão real hoje, por que a energia é simplesmente a mesma. É o grupo de pessoas original, então o nível de energia é o mesmo. Isso é o que faz o show funcionar.
Originalmente você se juntou a Elvis no verão de 1970. Como você conseguiu o trabalho?
Consegui o trabalho porque ele fizera shows no International Hotel antes, e ele não estava contente com a montagem. Tornei-me Diretor Musical do International, então foi como consegui o trabalho. Eu tinha um bocado de experiência porque me mudei pra lá de New York. Quando, originalmente me ofereceram o serviço no International, eu recusei, porque eu não queria ficar fixo lá, você sabe. Eu ainda mantinha alguns de meus clientes, como Eyde Gorme, Steve Lawrence, Diahann Carrol e Florence Henderson, então eu quis estar apto a continuar trabalhando com eles. O pessoal do International não queria isso, então eu não peguei o trabalho naquela ocasião. Então continuei o que estava fazendo, mas eles ligaram e me pediram para vir, porque estavam tendo problemas. Foi quando me tornei Diretor Musical no hotel, e pouco depois disso, Elvis estava escalado para estrear, cerca de um mês mais tarde. Tom Diskin tinha feito um monte de lição de casa sobre mim, ele estudou todo o meu currículo – com quem eu trabalhara, os shows da Broadway, os programas de TV e por aí em diante – e então eles me colocaram dentro para fazer o primeiro trabalho de Elvis. Desse dia em diante, do primeiro dia, tornou-se um casamento. Devo dizer que, antes daquele primeiro dia, eu nunca fora fã de Elvis. Minha esposa o adorava, mas eu estava dentro de outro mundo – música acústica, melodias de espetáculos, etc. Mas desde o momento em que dissemos “olá”, o carisma simplesmente emanou dele. Ele estava usando uma grande orquestra e era um Elvis Presley totalmente diferente.
Quais foram suas primeiras impressões dele como cantor?
Fui nocauteado. Quer dizer, Elvis Presley – nós estávamos maravilhados. Elvis era diferente de todos os outros astros com quem eu trabalhara. Costumávamos dizer que, com Elvis, não era um show, era um “happening”. Não importa qual astro você mencione – não importa o quanto seja grande – eles não são o que ele era, e não sei se acontecerá novamente. Sim, é triste que ele tenha morrido, mas há pessoas que não podem ficar velhas: Marilyn Monroe é uma delas. Jimmy Dean é outro e então há Elvis Presley. Essas pessoas não podem ficar velhas. Essa é a razão de podermos levar este show pelo mundo inteiro hoje, porque ele era um artista dinâmico e nunca envelhecerá.
Ele era fácil de se trabalhar?
Nunca realmente tivemos um problema sequer.
Você o via muito socialmente?
Já em cima na suíte e coisa do tipo – tinha muito disso. Nunca era um-a-um, você sabe. Sempre era como se fossemos um grupo. Devo dizer que ele tinha muito respeito pelas pessoas que ficavam no palco com ele. Era um tipo diferente de respeito em relação ao que ele tinha pelo seu grupo imediato.
Conte-me sobre o tema “2001 – Also Sprach Zarathustra”. Como isso foi incorporado?
Te contarei exatamente como isso aconteceu, não importa o que todos andam dizendo por aí. Tenho lido o livro de todo mundo e quatro dos cinco caras são responsáveis de acordo com os livros. Mas nós estávamos no International, isto foi na segunda vez lá, e tínhamos feito nosso primeiro dia de ensaio. No segundo dia ia ser com a orquestra, e no terceiro dia seria a noite de estréia. Bem, minha esposa e eu fomos assistir o filme “2001 – Uma Odisséia no Espaço”. Eu nunca assistira antes, mas ela já. Ele foi exibido novamente e fomo vê-lo. Estávamos sentados lá assistindo o filme, e repentinamente, esta coisa de Richard Strauss surge. Minha esposa diz pra mim: “Você não tem a impressão de que Elvis Presley está para entrar?” Eu disse: “Que idéia sensacional”. Então voltamos ao International e todos acharam que era uma ótima idéia. Mas no princípio iam tocá-lo de um disco. Eu disse: “Não, vamos fazer uma orquestração”. Assim a fizemos, a tínhamos no palco no dia seguinte, e assim foi. Cerca de três anos mais tarde eu tentei mudá-la para a versão de Deodato, mas Elvis odiou. Nós a fizemos numa noite, no segundo show, mas depois disso ela se foi e nós voltamos ao modo original.
Houve vezes em que ele teve de tocá-la de novo durante o show?
As primeiras vezes, yeah...Ele dizia: “Vamos ouvir isso novamente”, porque ele gostava muito dela.
Quando ele decidia mudar seu repertório, você era avisado e consultado sobre isso?
Ninguém era realmente consultado sobre isso. Um punhado de novos arranjos entrariam e era isso. Ele ouvia os discos das outras pessoas e decidia que queria fazê-los, você sabe. Todos tínhamos uma opinião. Glen Hardin estava muito envolvido com isso – Glen escreveu um monte de arranjos e ganhou muito crédito por um monte de coisas que fez. Um monte das coisas de instrumentos de sopro eram minhas, mas um monte das coisas de instrumentos de cordas eram de Glen Hardin. Seu arranjo de “American Trilogy” é simplesmente fantástico. Mas voltando a questão: se Elvis quisesse fazer coisas, nós a faríamos. Uma lista viria, eu a fixaria e nós trabalharíamos nela para o show. Havia uma canção que eu sempre quis que ele cantasse e nunca pude obrigá-lo a fazê-la. Acho que ele podia ter feito um ótimo trabalho em “Don´t Let The Sun Go Down On me”, do Elton John. Sempre quis ouvi-lo isso, porque, se ele podia cantar “You´ve lost that lovin´ fellin”, ele poderia ter se apossado disso para sempre.
Então aqueles três músicos seriam acrescidos por outros?
Eu pegava outros caras de Vegas comigo. Eles não eram todos da banda da casa do Hilton, e eu conseguia alguns de Los Angeles e alguns de Vegas – todos caras com quem eu trabalhava, por que eu ainda estava fazendo outro trabalho em Los Angeles, como comerciais e coisas, então eu conhecia um monte de músicos. Basicamente, eu levava meus amigos comigo.
Elvis tocou em Lake Tahoe diversas vezes e você dirigiu a Al Tronti Orchestra...
Sim. Al já faleceu. Se você tiver assistido ao filme “O poderoso Chefão”, a banda no casamento ao ar livre – era a de Al Tronti. Ele tinha a banda da casa em tahoe e eu os dirigia quando Elvis tocava lá, mas eu ainda levava alguns de meus músicos comigo.
Ele era um performer dinâmico durante aqueles primeiros anos em Vegas, mas enquanto o tempo avançava tornou-se consideravelmente mais lento...
Você acha isso? Seus movimentos realmente não mudaram tanto. Ele ainda fazia “Suspicious Minds”... ele não pulava tão alto, mas, quando subia no palco, ele era sempre simplesmente mágico – ele era Elvis Presley. Obviamente estávamos cientes de que havia algo errado com sua saúde, mas de um ponto de vista profissional ele ainda tinha tudo, não importa o quê. Eram essencialmente os fãs que faziam funcionar – ainda estava acontecendo para as pessoas lá fora na audiência. Se não tivesse funcionado nesse nível, nós não estávamos tendo essa conversa agora. Este show que está excursionando agora é único do gênero. As pessoas perguntam se este tipo de show poderia ser feito com algum outro artista. Não, não poderia. As pessoas dizem: poderia ser feito com Frank Sinatra? Eu adoro Sinatra, mas não acho que funcionaria. Este show funciona por causa de todos sobre aquele palco. Elvis fez de nós, todos personalidades.
O que você vê como sendo os destaques do Elvis The Concert?
O final de “Just Pretend”, quando ele vira sua cabeça para trás... Toda noite eu assisto isso e sorrio. Essa é a ótima coisa sobre fazer este show – finalmente consigo vê-lo de frente! Eu nunca via-o de frente. Outra parte que realmente gosto é quando os Stamps fazem “Sweet, Sweet Spirit” e você vê a reação de Elvis a isso na tela. Esse é um momento mágico.
Quando o show foi pela primeira vez apresentado em Memphis em 97, havia alguma idéia naquela época de que ele excursionaria?
Não, não a princípio. Mas Randy Johnson e Stig Edgren tinham pensado que poderia acontecer, e o pessoal de Graceland pensava que poderia acontecer. Agora o temos levado para o mundo inteiro e está ficando melhor, está realmente se prolongando. Uma vez que as pessoas entendam o que este show é – nós as capturamos. Não é um imitador, é Elvis Presley com o elenco original, aqueles que fizeram os anos setenta acontecerem, os quais para mim foram os melhores anos de Elvis Presley.
A morte de Elvis chegou como uma total surpresa para você?
Sim, chegou.
Você não a viu chegando?
Não. Ele tinha umas poucas pessoas em volta dele que estavam realmente tentando ajudá-lo, e todos nós pensávamos que ele escaparia.
Fonte: http://groups.msn.com/ForElvisBrazilianFansOnly
Fonte original: site elvis world