quinta-feira, dezembro 06, 2007

Inglês acústico-Elvis Presley é pioneiro

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6/Dezembro/2007 by Jerry Mill
A difusão, aceitação ou culto ao inglês no Brasil e no mundo se deu graças a diversos fenômenos culturais que o transformaram na língua da indústria do entretenimento e mais especialmente da música pop-rock que é insistentemente veiculada por emissoras de rádio e TV, pela Internet ou faz parte da trilha sonora de jovens e adultos do mundo inteiro.
O fenômeno teve início na Europa que restou depois da Segunda Guerra Mundial e se alastrou pelo planeta (apesar dos compreensíveis e renitentes focos de resistência) também através do cinema em comunhão com a música: Hollywood mostrava os EUA como um país fascinante, em pleno desenvolvimento e o lugar perfeito para se alcançar fama e fortuna. O paraíso na terra, enfim. Já o continente europeu, em ruínas por causa da guerra, era um gigante em apuros, e uma vítima em potencial para o império ianque em gestação.
Para alegrar as massas e fazer muito dinheiro para um grupo seleto de ‘investidores’, o jazz e principalmente o rock’n’roll e suas variações fizeram com que o grande público de todas as nações imagináveis dançasse e tentasse cantar as canções de seus ídolos, e consequentemente aprendesse inglês, fenômeno esse que ainda se repete nos nossos dias.
Em meio a tantos ídolos na história da música pop-rock, quis o destino que Elvis Aaron Presley se tornasse o artista a registrar o primeiro vídeo de um show pop acústico, fato este ocorrido em 1968, quando ele voltou com toda a pompa e circunstância num especial de televisão capitaneado e transmitido pela NBC. Depois dessa apresentação antológica, em que ele aparece todo de preto, cercado por fãs por todos os lados, o formato de show acústico inaugurado pelo Rei do Rock, como já era esperado, ‘pegou’.
Foi somente em 1989 que o formato unplugged (literalmente ‘desplugado’) surgiu nas telas da Music Television (MTV), a mais afamada rede de TV que prioriza o universo jovem na sua programação. Mesmo depois de tantos anos, segundo o site da própria emissora de TV norte-americana, “Unplugged remains the hallmark of intimate, exclusive concert performances that can’t be seen anywhere else”, o que não quer dizer que isso inibiu outras emissoras de seguir o rastro do sucesso alcançado pelo programa, como ocorreu com o surgimento do Live By Request (da A&E) e StoryTellers (da VH1).
Para sua informação, num ‘acústico’, os artistas tocam e/ou são acompanhados por instrumentos que funcionam sem eletricidade, tais como os de corda (violão, violino, bandolim etc.), de sopro (flauta, gaita, piano etc.) e de percussão (bateria, bongô, atabaque etc.). A primeira banda a participar da série MTV Unplugged, por exemplo, foi o Bon Jovi, que teve de se adaptar às regras estabelecidas. Para variar, só alguns anos depois a MTV brasileira seguiu a mesma trilha com os artistas nacionais.
Recentemente uma onda de apresentações ao vivo seguindo o mesmo formato inaugurado por Elvis Presley (com uma ou outra adaptação, dependendo do artista) fez surgir ‘artistas’ como Emmerson Nogueira, Danni Carlos e Paulinho Loureiro. Em comum eles têm discos com versões bastante peculiares de sucessos originalmente gravados em inglês, mas quem conhece, por exemplo, o som de Harry Nilsson, Lobo, James Taylor, John Denver e Paul Simon, sabe que não há tamanha originalidade no trabalho desenvolvido por tais ‘artistas’. Na verdade eles fazem uso da herança deixada pela música folk, country e baladas pop movidas a voz e violão, combustível presente em luaus e points como bares e quiosques ‘mudernos’.
Daí a sensação de que, ao (tentar) cantar ‘you say goodbye and I say hello’ do grupo Papas da Língua, a pessoa esteja aprendendo inglês. Parodiando o saudoso Cazuza, faz parte do show, acústico ou não.
(*) Assessor lingüístico e autor dos livros Inglês de Fachada e Inglês no A Tribuna jerrymill@jerrymill.com.br